quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Impasse do desenvolvimento: usina hidrelétrica de Belo Monte



A possibilidade de construção de uma usina hidrelétrica na bacia do Rio Xingu, localizada nos estados brasileiros do Pará e Mato Grosso, vem sendo estudada há mais de trinta anos. Tanto tempo, deveu-se naturalmente, à complexidade de tal empreendimento. O tema tem se mostrado bastante controverso e fruto de debates interessantes, recheado de verdades e mitos, além de muitas preocupações.

A efetiva viabilização para a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte se deu em 2010 e vem se arrastando desde então, gerando paralelamente opiniões divergentes por parte de toda a sociedade quanto aos possíveis impactos à região, tanto positivos quanto negativos.


Os dados apresentados impressionam: Belo Monte será o maior empreendimento hidrelétrico feito apenas pelo governo brasileiro; representará uma das três maiores usinas hidrelétricas do mundo e a segunda maior do Brasil. De qualquer forma, não apenas os superlativos supracitados mostram-se positivos para a imagem do empreendimento. Estima-se que serão criados aproximadamente vinte mil empregos diretos e mais de vinte mil, indiretos. Sendo assim, geraria expressivo desenvolvimento socioeconômico para a região amazônica, o que tenderia a reduzir abismos sociais em uma região em que a pobreza e o desemprego imperam há muitos anos e condições degradantes de trabalho representam a regra. Outro forte argumento favorável à construção da usina é o de que Belo Monte trará maior segurança energética ao país, evitando os temidos “apagões” – a exemplo do que ocorrera em 2009 – além de proporcionar maiores investimentos em outros setores industriais, que não somente a agroindústria.

O Brasil está em ritmo acelerado de crescimento e ainda assim, somos expressivamente um país exportador de produtos primários, altamente dependentes do mercado externo. Uma maior independência econômica poderia acontecer investimento em outras áreas da economia, para tanto, precisamos de energia.


Em contrapartida, há um temor muito grande, principalmente por parte de ambientalistas e indígenas, quanto aos impactos negativos que a construção da usina possa trazer a região. Coloca-se em pauta a possibilidade de que Belo Monte não apresentaria sustentabilidade para ser construída e de que a área alagada pela usina prejudicaria vários povos indígenas, ribeirinhos, além de trabalhadores que vivem da agricultura familiar, pois necessariamente serão expulsos para outras áreas; além, é claro, o receio de que cause danos irreversíveis à fauna e à flora da região



Ao considerar que o desenvolvimento de um país é, ou deve ser, um processo inerente ao mesmo, lembro-me de uma máxima: “as pessoas são resistentes às mudanças”. O que é muito compreensível, dadas as incertezas quanto aos impactos de um empreendimento tão colossal, como é o da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Entretanto, é importante mencionar que antes mesmo da confirmação da construção, foi desenvolvida uma série de programas, planejamentos e projetos ambientais que propõe um conjunto de ações para minimizar os impactos negativos e majorar os positivos, buscando assim, um desenvolvimento sustentável.


O fato é que provavelmente, mais cedo ou mais tarde, ocorrerá a construção de Belo Monte. Espera-se que o conjunto de atos – por parte do governo e das empresas envolvidas na construção – preocupados e comprometidos com as questões sócio-ambientais seja viável e se concretize no decorrer da construção, trazendo assim, não apenas o desenvolvimento sustentável esperado, mas principalmente, responsável.






4 comentários:

  1. Acho que esses números não batem. Uma usina só gera 40 mil empregos quando está sendo construída, ou seja, ela fomenta uma grande massa de trabalhadores por um certo período de tempo e depois, com exceção dos engenheiros, todos tem que voltar para casa. Os que não voltam criam cidades como Foz do Iguaçu e arredores de Brasilia, que são marcados pela pobreza e violência.
    Outro ponto é o seu funcionamento. Existem alguns estudos que indicam que a usina poderá trabalhar muito aquém da sua capacidade em parte considerável do ano, devido ao período de estiagem.
    Além disso, temos o custo da instalação que é absurdamente grande, o custo das linhas de transmissão e o impacto ambiental já citado.

    Existe também o fato que o Brasil está a beira de um colapso energético e isso está afetando principalmente nosso crescimento industrial. Eu só acredito que existam meios melhores para geração dessa energia do que a instalação de uma hidroelétrica no meio da Amazônia.

    Ah, sem esquecer que para alguns políticos, essa obra já deve estar na cabeça como uma reedição das bonanzas que foram Itaipu e Brasilia. Quem disse que político novo não aprende com político do passado?
    A lição é simples: Escola uma região afastada dos grandes centros, elabore um projeto faraônico e diga que o custo absurdo será justificado pelo benefício que irá trazer para as futuras gerações.

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  2. Daniel, obrigada por escrever.
    Respondi seu comentário através de outro post. Dê uma olhada :)
    Abraços,
    Nirsan

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  3. Ni o rapaz acima ja falou um pouco do muito que a para ser dito contra essa obra,somos um pais tropical que portanto pode gerar energia solar e eólica em muito maior quantidade do que é aproveitada.
    A Amazonia e o seu povo precisa é de politicas de valorização de sua grande riqueza e bio-diversidade de forma sustentável,preservando a floresta,essa sim é uma riqueza de valor inimensurável e os empregos assim serão permanentes passando de geração para geração,esse tipo de investimento em pesquisa e exploração sustentavel do bioma Amazonico é que nos fara sentirmos orgulho de sermos Brasileiros.

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  4. Obrigada pelo comentário mãe :)
    Concordo com você em diversos aspectos, mas não vejo como a construção de Belo Monte deixe de acontecer. Realmente, poderia-se pensar em outras formas de geração de energia e tentar aplicá-las de fato. Mas caso venha a acontecer a construção da Usina, o que provavelmente acontecerá, precisamos pensar no que de bom ela pode trazer a todos e também, cobrar do poder público uma atuação eficiente e responsável.
    Beijos, Nirsan.

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