domingo, 13 de fevereiro de 2011

Momento de Reflexão: Marx em minha vida.



Terceira fase do curso de ciências econômicas: meu primeiro contato com Karl Marx – economista, filósofo, socialista e principalmente, um revolucionário alemão.

A partir daquele momento comecei a questionar diversos aspectos do mundo ao qual estamos todos inseridos. A dinâmica do capital se descortinava diante de meus olhos de estudante, fascinados e encantados com a nova compreensão de mundo que me era apresentada. Definitivamente, meu coração era vermelho...

Várias indagações surgiram:

Como nunca antes questionara tal dinâmica social?
Como nunca antes enxergara tal mecanismo inerente ao sistema capitalista?
Porque as escolas públicas não ensinam teoria marxista aos estudantes? Todos deveriam ter acesso a esse conhecimento, todos deveriam ser “alertados” quanto a essa dinâmica do capital...

A história mundial foi mostrada a mim por outro viés, evidenciando preceitos básicos do capitalismo. Sendo um deles, o mais cruel: a exploração – feita de todas as formas – do trabalhador através da usurpação de sua energia de trabalho.

Cheguei a difícil conclusão de que, EU, era um dos objetos de estudo de Marx. Eu era uma “alienada”. Precisava “pedir as contas” o quanto antes! Difícil foi encarar a dura realidade daquele que resolve não se submeter ao capital. Felizmente – diferentemente daqueles que são altamente explorados e expropriados de sua dignidade – tive o privilégio de não precisar trabalhar para pagar as contas e tornei-me bolsista de um professor (nada marxista), mas que me proporcionou conhecimentos valiosos.



O que é “alienação” para Marx?

De acordo com Marx, a alienação se dá quando o proletário (trabalhador) produz para o capitalista ao ponto de se desvalorizar tanto que se torna o próprio produto do capital. Seria a valorização da coisa em detrimento do homem, a própria “coisificação” do homem.

O capital seria representado pelos empresários, que visam ao lucro e à concorrência desenfreada, a qualquer custo – uma guerra de cobiças e vaidades.

Antes que me pré julguem, não sou contra os empresários, muito pelo contrário. Já fui empresária e sei da importância da empresa “limpa” e socialmente responsável para a economia e a sociedade como um todo.
Entretanto, precisamos ser radicais em algumas análises, como assim o foi Marx, para que haja impacto e consciência social.



Voltando à análise da alienação para Marx...

O proletário é o escravo de seu próprio trabalho à medida que se submete ao capital vendendo sua energia de trabalho, ganhando em troca somente seu meio de subsistência.

Toda dinâmica do capital esconde essa lógica e, historicamente, é possível comprovar através de diversos episódios mundiais que esse tipo de consciência foi fortemente combatido pelas elites políticas, empresariais e por conseqüência, até mesmo por diversos pensadores e disseminadores do “conhecimento”. Foram criadas verdadeiras “bíblias do capital”, às quais eu mesma fui submetida no curso de economia. Não critico, pois, para entendermos todo o processo (seja qual for a área de estudo), precisamos ter acesso aos vários vieses de pensamento, inclusive àqueles ao qual não nos identificamos ou não concordamos. Nesse sentido, acredito, nasce o pensamento crítico.

O aspecto negativo e hostil do capital se evidencia quando o proletário não desempenha uma atividade física e/ou intelectual livre. A vida do homem resume-se ao trabalho e torna-se, assim, medíocre. O trabalho consome toda sua energia fazendo com que sua vida pessoal perca o sentido, pois essa passa a ter um único objetivo: trabalhar para suprir suas necessidades básicas, seus meios de subsistência. Sendo assim, o trabalho é alienado, fazendo com que o homem se aliene de si próprio.

Para Marx, o produto do trabalho do homem é alienado do mesmo, por algo externo a ele, fazendo com que seu produto não o pertença e seja usurpado por outro, que não foi quem devidamente o produziu. Essa seria a lógica do capitalismo, seriam as bases da exploração de um homem por outro.

O trabalho do proletário gera excedentes na economia, seria o excedente do trabalho alienado que gera acúmulo de riquezas, que são “desviadas” para quem não é detentor das mesmas.


Formas de usurpação e alienação do trabalho do homem

A exploração do trabalhador é minimizada por meio de normas, leis e convenções trabalhistas, entretanto, bem sabemos que o desrespeito por parte do empregador quanto a essas normas – constitucionais e celetistas – ocorre de diversas formas. Desde a usurpação de direitos básicos como salário mínimo, férias e 13º salário, até a pior forma de degradação do ser humano: o trabalho análogo ao de escravo, que atinge não somente adultos como também as crianças.

Conclusão

Marx elucidou o aspecto cruel e egoísta da humanidade através da dinâmica do capitalismo, que é baseada na exploração do trabalhador. Nesse sentido, todos nós deveríamos nos “desalienar” de nossos mundinhos e procurarmos enxergar a sociedade por outros vieses, que não aqueles que nos são cômodos.

Karl Marx, um visionário atemporal.



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