sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A Acirrada Corrida aos Concursos Públicos



É fato que, nos últimos anos, o foco em concursos públicos tem sido cada vez maior. Há tempos que uma graduação já não é mais sinônimo de “bom emprego”, leia-se: “bons salários, estabilidade, crescimento profissional, etc.”.

As empresas privadas agem de acordo com a lógica do capitalismo, qual seja: exploração da mão de obra, redução de custos ao máximo com respectivo aumento da produção. Indubitavelmente, a redução dos custos recai sobre os empregados, já que estes, normalmente, não estão em condições de contestar. De toda sorte, existe a justiça trabalhista que busca equilibrar a balança da desigualdade entre empregador e empregado.

Em contrapartida, depois de anos de sucateamento do serviço público, com seus baixos salários, parece que este se tornou o centro das atenções. Estudantes de todo o Brasil têm visto na carreira pública a possibilidade de obter inúmeras vantagens, como: atrativos salários (incomparáveis aos do setor privado), garantia de ascensão profissional, motivação para continuar os estudos, benefícios previdenciários, dentre tantas outras, sendo estas positivadas por estatutos e leis inquestionáveis.

De qualquer forma, o motivo desse humilde artigo é um desabafo, e não exatamente, levantar os problemas das relações trabalhistas no setor privado ou explanar o cenário do serviço público no Brasil, já que isso é evidente e incontestável. O que quero colocar em pauta é sobre o “stress” emocional que a corrida aos concursos públicos gera em mais de 10 milhões de “concurseiros”.

Receitas mágicas de como vencer a batalha rumo à sonhada nomeação pipocam na rede e nos cursinhos. Cada um tem uma receita “mirabolante” que é “certeira”! Jargões como “milhões de HBC (horas bunda cadeira)”, “não se estuda para passar, e sim, até passar”, “faça uma planilha de controle de HBC, de exercícios, de leitura de lei seca, de leitura de doutrina; controle o tempo do cafezinho, do banheiro, da piscada de olho...” e por aí vai. Haja paciência! Sim, muita paciência! Pronto! Acho que essa é a receita mágica.

A tarefa é árdua e realmente, demanda tempo, dinheiro, paciência e muita, mas muita tranqüilidade emocional. E ainda temos que ouvir as pessoas dizendo “Ah, você estuda?”. Tenho vontade de dizer: “Escuta aqui, eu trabalho viu!? Trabalho como uma paquiderme em cima dos livros, dos exercícios, dos cadernos e a minha rotina não é fácil. E como se não bastasse, eu ainda não recebo nada! Praticamente trabalho análogo ao de escravo”.

Brincadeiras a parte, é sim uma rotina árdua, de “operário”! E ainda por cima, temos que ser exímios operários, ou seja, temos que ter disciplina quanto aos horários e não basta dizer que estudou “tantas” horas, o tempo de estudo deve ser efetivo e focado. É preciso ter acesso a boas fontes de informações, a bons livros e a bons cursos. Tudo isso custa dinheiro, e, para quem não trabalha é algo bem complicado. Além disso, temos que sacrificar nosso tempo com a família, com os amigos e todos os prazeres da boa vida, como uma viagem de férias ou feriado prolongado.

Por outro lado, tanto sacrifício pode ser encarado como investimento, e poucos investimentos rendem mensalmente, em alguns casos, mais de R$10.000,00.

Portanto, receitas mágicas não existem, e não serei eu que repetirei “jargões de concurseiros” tão disseminados por aí. O que posso dizer é que precisamos (eu e todos aqueles que estão no caminho dos concursos) ter tranqüilidade emocional. Precisamos nos conscientizar de que traçamos um objetivo pesado em nossas vidas e não podemos resumi-las em um único objetivo: “concurso público”. Há muitas coisas legais no meio do caminho. Tenho percebido que pessoas mais tranqüilas e seguras de si conseguem chegar mais rápido ao objetivo, talvez seja esse o melhor caminho, talvez seja esse o segredo.

Finalizo com uma reflexão enviada por uma amiga:


O que significa resultado para você? 



Qual é o resultado de uma laranjeira, por exemplo? É somente o produto final laranja ou podemos enxergar resultado em cada fase do desenvolvimento da laranjeira, desde o enraizamento da mudinha? Você já olhou o resultado como sendo o produto de cada ação diária, que proporciona o desenvolvimento contínuo?


Fotografia: http://www.deviantart.com/

3 comentários:

  1. Ooowww Nica nica
    Recém ou já completamos 4 anos de formados, 13/10, e .... continuamos eternos estudantes. Esse seu desabafo tomo como meu também que estou apenas no primeiro ano de dedicação exclusiva. Comentários do tipo: "aahhh....mas vc SÓ estuda" é o que eu mais ouço. Mas quando penso no meu primeiro futuro salário minha indignação logo passa hehehehe
    Força e concentração é o que lhe desejo
    Grande beijo

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  2. Na arte de viver você é Mestre Nirsan! Sempre soube passar por todas as fases da vida da melhor forma e a maioria das vezes carregando outros com você pelo melhor caminho. Não tenho a menor dúvida de que conseguirás alcançar este e todos os objetivos que vc tem! Para mim você é um verdadeiro exemplo!

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  3. Parabens pelo seu blog......Parabens mesmo!!!
    Bjs
    Manu

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