quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Três Anos e Meio de um Sonho




Meu sonho começou uns dois meses antes da prova de 2010, em que OUSEI enfrentá-la, sem NUNCA ter estudado Direito do Trabalho. Ousei, acreditei no desafio e fui em frente. Sem medo, sem expectativas, sem compromisso...fiz minha inscrição e fui atrás de material. Vamos lá! Vamos ver o que é ser um Auditor-Fiscal do Trabalho! Vamos ver o que é estudar para um concurso de nível superior.

Pesquisei na internet algum curso, descobri o EVP e o nosso ilustre Prof. Ricardo Resende. 
Eu tinha dois meses para estudar, então, a estratégia era simples: estudar o que era importante, o que valia mais pontos no reduzido tempo e voilà!

Assisti a todas as aulas do RR, anotava tudinho, comia com arroz e feijão tudo o que ele dizia e a cada aula que assistia, eu sentia dentro de mim uma energia que nunca tinha sentido antes! Uma energia positiva e um sentimento de realização que nunca havia sentido antes! Tudo o que sempre acreditei, tudo o que sempre questionei e não tinha fundamentação ou conhecimento suficiente para contestar, para indagar, para reclamar, para ajudar...Era dentro do direito, da auditoria do trabalho que eu iria me realizar!

Tive ainda tempo de estudar Sociologia do Trabalho, Economia do Trabalho e Segurança e Saúde do Trabalho. Estava decidido! Eu seria uma AFT!

Fiz a prova e por mais ou menos umas 6 questões, eu me classificaria para a segunda fase. Isso gerou em mim um sentimento muito forte de tristeza com felicidade, que fica até meio difícil explicar. 

Tristeza porque a profissão que eu escolhi para mim não se viabilizou por algumas questões erradas nas disciplinas básicas (português, direito administrativo, direito constitucional); felicidade porque senti que era capaz! O sonho era possível. Só precisaria me dedicar aos estudos com mais afinco e um prazo maior. 

Desde então, comecei a investir pesado nesse sonho! Fiz vários cursos, li vários livros, criei um Blog e uma fanpage só para falar de Direito do Trabalho, estudei dia e noite, dias na biblioteca, em grupos de estudo, dedicação quase exclusiva! 

Com o tempo, a pressão de não estar trabalhando e só gastando com cursos e preparação, sem perspectivas de sucesso no próximo concurso foi só aumentando e fazendo com que aquele sentimento positivo e de encanto pela profissão desse lugar a sentimentos de medo, frustração e insegurança. Tive que fazer outros concursos, várias derrotas e uma “vitória”. Passei num concurso e comecei a trabalhar! Mas não era o que eu queria, não era o que eu sonhava, não tinha nada a ver comigo, mas eu precisava trabalhar, precisava do dinheiro, precisava me sentir “segura”. Doce ilusão! Fiquei triste por muito tempo porque não “amava” o que fazia. Meu amor estava destinado à auditoria do trabalho. E eu, aos trancos e barrancos, segui estudando e investindo no sonhado cargo. O restante, quem também se dedicou a esse concurso, já sabe: a decepção com o novo edital, com o novo “estilo” de prova e o mau desempenho. 

Doce ilusão a minha: achar que trabalho pode se relacionar com amor à profissão. 
Doce ilusão a minha: achar que o MTE/CESPE privilegiaria os conhecimentos INERENTES à profissão! Achar que privilegiaria o candidato que tivesse se dedicado às disciplinas relacionadas à rotina de trabalho de um AFT! Achar que privilegiaria o candidato que tivesse se dedicado ao máximo nos estudos!

Quanto a nossa dedicação e ao nosso merecimento, cada um sabe de si. Cada um sabe o quanto investiu de sua VIDA nesse objetivo. EU SEI O QUANTO INVESTI DE MINHA VIDA NESSE OBJETIVO!

Eu sei de tudo o que deixei passar por causa desse objetivo! 

Não me arrependo! Não me arrependo em hipótese alguma! Sou grata por cada conhecimento que adquiri nesses últimos 3 anos e meio. Sinto-me uma pessoa melhor, graças a esses novos conhecimentos. Não sou formada em Direito, já não sou nenhuma jovenzinha, mas decidi que é no DIREITO que devo ficar. Farei a graduação no próximo ano. Não sei que rumo devo tomar! Sei que onde estou, não devo ficar. Quero outra profissão, quero trabalhar dentro da área trabalhista. Nem que seja daqui à 5 ou 8 anos... 
Certamente, tudo isso que aconteceu em minha vida e na vida de alguns amigos - preciosos amigos, que adquiri, graças a esse sonho - não foi por acaso. Deus sabe o que faz e sabe o que é melhor para nós. 

E eu tenho plena confiança de que tudo isso que aconteceu em minha vida durante esses 3 anos e meio não foi em vão. Não vai morrer por causa de uma provinha em que tive um mau desempenho...

Outras provinhas virão e eu estarei melhor preparada. Que venham mais provinhas, que venham outros sonhos!

Tudo isso é para dizer que EU SEI BEM o quão difícil é a decepção de uma derrota, ainda mais quando tanto se dedicou, se persistiu, se perseverou, se acreditou!!! Mas a vida é assim. 

Desejo, do fundo de meu coração, sucesso aos vitoriosos nessa primeira fase. Que esses futuros AFTs façam por merecer esse título tão nobre e tão humano. Que esses futuros auditores vistam a camisa do TRABALHADOR; que lutem por seus direitos e sintam felicidade ao assinar uma carteira de trabalho, ao analisar um processo e averiguar que todos os direitos estão sendo cobrados do empregador; que sintam alegria ao orientar um trabalhador humilde e explorado; que se sintam realizados ao retirar um trabalhador da condição análoga a de escravo; que se regozijem ao proporcionar um sorriso nos lábios de trabalhadores que só o que querem é um trabalho onde tenham seus direitos respeitados e sejam tratados dignamente, como deve ser.