segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Poder da Participação Efetiva e Consciente dos Cidadãos na Sociedade


Nas últimas semanas, a partir do período eleitoral, surgiram diversos temas interessantes a ser debatidos: a polêmica da legalização ou não do aborto com suas implicações na sociedade e o joguete que a mídia fez com o uso do referido tema; a deturpação de informações acerca dos candidatos (principalmente com relação à Dilma) na mídia; o apelo religioso nas eleições e tantos outros. Mas independente de temas isolados, por mais importantes que pareçam e até sejam, algo muito mais profundo – penso eu – merece especial atenção: a participação efetiva da sociedade no processo eleitoral e consequentemente, em nossa realidade social.
No Brasil, tem-se a impressão de que em todo ano eleitoral, sejam em eleições federais, estaduais ou municipais, acontece o mesmo fenômeno: a sociedade, apática, aspira uma “atmosfera” de incredulidade. Alguns eleitores, diante dos sorrisos simpáticos e promessas quase utópicas, podem “sentir” a demagogia advinda de discursos inflamados e bem elaborados por aqueles que deveriam representar e atender aos interesses da população. Outros, mesmo sem muitas esperanças, preferem acreditar na “boa fé” dos candidatos e com base nisso, continuam reiteradamente a votar em políticos ímprobos, irresponsáveis e descomprometidos. E ineditamente, por protesto ou desinformação, figuras cômicas e debochadas que se candidatam, são eleitas. Nesse contexto, torna-se relevante refletir sobre o real significado da responsabilidade social no exercício do voto.
O mal-estar coletivo, por si só – com concepções de senso comum acerca da desonestidade do “homem público” – não consegue amenizar nem resolver os problemas decorrentes das más escolhas no período eleitoral. Muitos se eximem do exercício do voto, justamente por pensar dessa forma comodista e, porque não dizer, covarde! Perdem assim, uma grande oportunidade de mudar o cenário político ou, usando o cansativo clichê, “exercer sua cidadania”, conquista tão valiosa de nossa sociedade. Esquecem-se de que pensadores formam outros pensadores e, a oportunidade para mudança ocorre principalmente nesse período, a partir das insatisfações, do interesse pelo coletivo, livre de preconceitos ou interesses pessoais e egoístas. Penso que precisamos pensar no todo, no social e a partir disso, votarmos conscientemente.
Há alguns dias, assisti a uma entrevista em que o entrevistado disse: “Por mais dinheiro que tenha uma pessoa, esta não terá qualidade de vida se houver desemprego (que gera criminalidade e por consequência, não se sentirá seguro ao sair de casa); não poderá sair com seu bom e belo carro porque as ruas estarão mal conservadas ou enfrentará engarrafamentos de horas a fio porque a cidade está sendo mal administrada, etc. Enfim, é preciso deixar esse pensamento de separação de classes sociais, que é uma “doença” que contamina a sociedade. Todos precisam ter certa qualidade de vida, ter condições de lutar por seus projetos de vida, ter condições de crescer e se destacar. Nossa Constituição assegura, em seu artigo 6º., a todos, os direitos sociais. Quais sejam: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados e tantos outros direitos espalhados pela Carta Maior. Todos esses direitos precisam ser viabilizados por meio de políticas de acesso a eles. E quem poderia fazê-las por nós? Nossos representantes, os políticos.
É importante considerar e, ressaltar, que nem todos têm consciência de que “acreditar na boa fé” – principalmente no que se refere à política – deve ser pautado em históricos pessoais e políticos dos candidatos, levando-se em consideração os pensamentos, ideais e projetos para a população. Infelizmente é difícil exigir que em uma sociedade composta por milhões de analfabetos vivendo sob consequente desigualdade social, haja eleitores conscientes, politizados, bem informados, capazes de reclamar seus direitos e fiscalizar as atividades políticas. Desse prisma, é possível compreender porque “Paulo Maluf’s” persistem no poder até hoje e “Tirica’s” sobem a ele. Bom, resta-nos pensar que vivemos em um “Estado Democrático de Direito”, e se os mesmos estão no poder, estão com o nosso aval.
Nesse sentido, a responsabilidade social – e porque não dizer moral – é em grande parte, do eleitor consciente e informado sobre a realidade político-social na qual os brasileiros estão inseridos. Do eleitor que tem condições de abrir os olhos para a realidade social na qual todos nós estamos inseridos, sem menosprezar ou ignorar aqueles que estão à margem da sociedade, nas ruas, nos subempregos, na criminalidade, na miséria. É preciso conscientizar-se que, não somente a ignorância e ingenuidade da população fortalecem quem está no poder, mas também, e principalmente, a inércia e a indiferença.
De toda sorte, mesmo diante do abismo social em grande parte da sociedade e de graves problemas sociais decorrentes, penso que é possível comemorar e vislumbrar um cenário positivo. Além da implantação de políticas sociais que priorizam a justiça social e a acessibilidade, alguns mecanismos de combate à corrupção estão sendo colocados em prática, como por exemplo, a Lei da Ficha Limpa. Atrelado a isso, o acesso à internet, com seus devidos filtros, tem sido um excelente mecanismo de divulgação de informações imparciais. Nota-se com isso, que uma expressiva parte da sociedade – estarrecida – com tantas irregularidades, indiferença e descaso por parte das autoridades, tem procurado mudar a idéia enraizada de que no Brasil a corrupção é “premiada” ao invés de receber a merecida e devida retaliação. Além disso, tem se conscientizado de que a vida em sociedade não pode ser isolada ou ainda, separada por castas, clãs ou grupos sociais. Projetos de leis, consciência política e cobrança aos nossos representantes, podem, certamente, garantir uma nação mais próspera, educacionalmente mais forte, menos desigual e socialmente mais justa.

sábado, 13 de novembro de 2010

A Influência do “Eu Pessoal” sobre o “Eu Profissional”

            
            Característica inerente ao homem e por conseqüência à sociedade, a subjetividade faz-se presente em quase todas as situações. Seja no simples ato de comprar algo, seja na exposição de um pensamento ou opinião quanto a um fato divulgado na mídia ou até mesmo em situações mais sérias, que possam importar conseqüências positivas ou não sobre a vida de um indivíduo. Ilustra-se como exemplo, as avaliações de questões discursivas em concursos públicos.
            
            Da mesma forma em que a penalidade e a recompensa, traduzidas respectivamente em nota baixa e nota elevada, atuam sobre a psique do indivíduo de maneira singular, a subjetividade está presente também no pensamento daqueles que detêm o poder de avaliar. Além de usar parâmetros técnicos e objetivos de avaliação, o examinador associará a esta, seus preconceitos, crenças, experiências e ideologias, que inevitavelmente influenciará sua avaliação, conferindo caráter subjetivo à mesma, o que poderia ferir princípios éticos e contaminar o desempenho de um possível bom candidato, mas que vai de encontro aos pensamentos do examinador.

Por mais pautado em regras e preceitos técnicos de avaliação que o examinador esteja, ele é um ser munido de valores intrínsecos a sua pessoa. Estes o influenciam em atitudes e pensamentos. Não haveria como separar o “eu pessoal” do “eu profissional” do mesmo. Entretanto, pode-se considerar que vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde o princípio da legalidade faz-se presente e no momento que surge a dúvida quanto à legalidade, pode-se reclamar ao Estado o direito.

Tanto na avaliação de uma prova quanto em outras atividades sociais ou profissionais; escolhas, decisões, julgamentos devem sempre ser pautados pela justiça, que pode ser entendida como legalidade no sentido literal, quanto pelo “sentimento” de justiça. Este, sempre considerado pelo ponto de vista ético e do bem-estar social, onde são separados do julgamento aqueles preconceitos, crenças e opiniões pessoais, levando-se em consideração, primordialmente, algo que é maior e extrínseco ao “eu pessoal”.